domingo, 15 de agosto de 2010

Entrevista a Mário Santiago

Marinho, como é conhecido na modalidade que ama, Futsal, regressa a uma casa que conhece bem agora como membro da equipa técnica.

RCVC - Desde já, bem-vindo a esta casa e a esta família que conheces bem.
Terminaste o teu percurso como jogador na época passada. Podes fazer uma analise ao teu percurso como jogador, partilhando com todos nós os melhores e os, digamos, menos bons momentos dessa extensa carreira?

MS – Muito obrigado pelas boas vindas, é com enorme prazer e empenho que volto ao convívio da família Real.
Quanto á minha carreira “Futsalistica” foi recheada de muitos momentos de sucesso. Não quer dizer que tenha ganho alguma coisa, nem sequer alguma vez joguei sem ser no Distrital, no entanto os objectivos que eu definia a mim próprio eu sempre os fui cumprindo. Nunca fiquei cego por jogar a outro nível no Futsal e até tenho duvidas que tivesse qualidades para isso. Joguei a um nível muito elevado Ténis de Mesa e vi que não era a divisão onde se joga que me tornava mais ou menos feliz.
Na minha carreira conheci 7 clubes, nunca fui de andar a saltar de clube em clube, onde me sentia bem foi onde fiquei. Comecei no Não –Te-Irrites, passei pelo CCD Barreiro, pelo 1º de Maio (clube com enorme mística, e no meu tempo clube do Bairro mesmo, foi antes dos grandes sucessos, lá está tive de sair para terem sucesso :), pelo meu querido Pantufas (forma muitos anos e que me marcaram muito) pela Casa do Benfica da Baixa da Banheira (Um projecto construído pelo meu melhor amigo Mister Alex e que com muita inteligência juntou, não os melhores jogadores do Barreiro, mas as pessoas que ele sabia que lhe iam fazer o melhor Grupo e isso foi peça fundamental para o enorme sucesso que a equipa teve) depois passei por 2 experiencias como treinador adjunto, enriquecedoras para tirar conhecimentos, o bicho do jogo voltou a mexer comigo e pedi então ao Miguel Feio para me deixar treinar com o Real Vale Cavala e aí voltei a ter gosto pelo jogo e fizeram o favor de me inscrever. Após a experiência de 3 anos no Real Vale Cavala aceitei o convite dos Indefectíveis (A melhor equipa onde até hoje joguei, uma massa adepta que não é normal de ver no Distrital, uma organização da estrutura directiva a lembrar clubes de 1ª divisão e condições para os jogadores praticarem a modalidade como não há em mais clube nenhum do distrito e foi uma óptima forma de acabar a minha carreira de jogador).
Quanto aos melhores momentos passam por todas as maravilhosas pessoas que conheci na minha vida de Futsal e a experiencia que me trouxe para eu hoje ser a pessoa que sou e mesmo o que sou na minha profissão. No que diz respeito aos menos bons, não me lembro deles, passaram, serviram para a minha aprendizagem e mandei-os para as calendas.
Desculpem ser extenso mas foram 30 anos a jogar á bola e não consegui resumir melhor.

RCVC - Tiveste 3 épocas neste Clube, entre 2005 e 2008.O que fez com que alguém que vive no Barreiro viesse 3 vezes por semana treinar á Charneca da Caparica, e superar todas essas dificuldades que a situação apresenta á vida pessoal e profissional?

MS – Só quem nunca passou por este clube é que não sabe esta resposta. Este clube é gerido por pais e avós que nos tratam como filhos e netos e que faz com que sejamos um grupo de irmãos. Este é um espírito que quem nunca viveu não o percebe, não sabe o que é querer ir para um treino para poder conviver com os seus “irmãos”, mais velhos, mais novos, mais malucos, mais calados, mais certinhos, mas “irmãos”. Esse foi o segredo do Vale Cavala durante muitos anos e isso merecia qualquer esforço. Quanto às dificuldades…. Quem não tem? Mas quando se quer muito uma coisa e temos a certeza que estamos a fazer as coisas correctamente e com o coração tudo se consegue ultrapassar.

RCVC – Agora apresenta-se uma nova etapa na tua carreira desportiva. Vais fazer parte da equipa técnica do Clube e vais ter como jogadores alguns que ainda partilharam o balneário contigo. Como achas que tu e também eles, vão abordar este tema?

MS – Eu tenho a certeza que vai ser esse o ponto-chave, esse vai ser o sucesso da minha entrada no mundo do Futsal. Muitos do que lá estão me conhecem, conhecem-me como jogador, como Homem, como amigo…etc. E eles vão desculpar-me alguma falha, algo que não corra tão bem, tenho a certeza. Quanto a mim só me vai facilitar a vida, conheço bem como funcionam, do que gostam, o que esperam de mim e isso torna tudo mais facilitado, basta não complicar…

RCVC – No que diz respeito á equipa técnica, vais juntar-te a uma equipa que já trabalhou junta a época passada. Como achas que vai ser a tua integração?

MS – Integração… essa é uma palavra que cada vez se torna mais usual, nas empresas, no nosso dia-a-dia e no Futsal também. È algo que eu não temo, ainda por cima estou em vantagem, o mister paquete é que me convidou, conhece-me de trabalhar comigo durante 3 anos, portanto de certeza que esse convite não foi ingénuo, ele sabe o que eu posso dar ao clube e ao grupo e eu apenas espero corresponder às melhores expectativas. Quanto ao Sérgio de certeza absoluta que em poucos dias de trabalho juntos já percebeu que eu vim para ajudar, não por ser um supra sumo em metodologia de treino por exemplo, mas sim pelo meu amor ao clube e pelo que as pessoas do clube também gostam de mim, o resto vem por arrasto.

RCVC – Que campeonato esperas que o RCVC vai fazer?

MS – Eu não espero, tenho a certeza, o RCVC vai fazer um campeonato á sua imagem, Humilde, com muito trabalho, com espírito de combate e a lutar em cada jogo como se esse fosse o ultimo jogo do clube. Não vale a pena esconder, todas as equipas que jogam contra o Real já sabem que vão ter um jogo difícil com uma equipa que batalha muito e que dá muito trabalho aos seus adversários, de certeza que este ano não vai ser diferente.

RCVC - Como achas que vai ser este campeonato Distrital? Subida directa ou Play Off ? Taça Distrital, sim ou não?

MS – Eu tenho uma opinião/desejo há alguns anos em relação ao campeonato Distrital e que passa por fazer um playoff como na 1ª divisão em que em vez de haver pontuação deverá haver eliminação á maior de 3 ou á maior de 5. Penso que isso colocaria á prova a inteligências das equipas que teriam de arranjar soluções de jogo para jogo para ultrapassarem aquele adversário.
Quanto á taça não poderia estar mais de acordo, teria era de ser encarada pelas equipas como uma prova em que conseguissem reforçar os seus grupos, dessem minutos a quem tem menos, fizessem experiencias que trouxessem mais valias para os seus campeonatos, etc. Mas infelizmente muitas vezes notamos que alguns clubes apenas se preocupam com os seus objectivos imediatos e há alguma falta de um pensamento Macro ao nível do funcionamento de Grupos e de preparação para o futuro dos seus clubes.

RCVC – Por fim, gostávamos que deixasses uma mensagem para o grupo.

MS – A Mensagem para o Grupo só terá interesse mesmo ao Grupo e no seio dele terei oportunidade de expressar e partilhar essa mensagem. Aqui apenas posso partilhar com todos a minha experiencia pessoal e dizer a todos os que praticam alguma modalidade desportiva que eu só consegui ser um GR com algum reconhecimento pelo que me dediquei e pelo empenho que deixava em campo porque tecnicamente haviam sempre muito melhores do que eu, e de longe.

“ Tudo o que fizeres, procura fazê-lo de forma sublime”
Fernando Pessoa

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